domingo, 30 de março de 2014

Canções de amor ou canções bregas? Eis a pergunta que não quer calar, pois bem, tentarei me antepor à alguns questionamentos sobre esta avassaladora "classificação". Como uma consumidora veemente de música brasileira, em alguns momentos me questiono quanto ao conteúdo poético de algumas canções e em vários casos este questionamento me fomenta uma reflexão mais aprofundada. Finalmente, o que define se uma música é brega ou de "bom" gosto?
Como uma fã declarada da música brasileira não poderia deixar de me render às belíssimas canções de amor que figuram como exemplares recorrentes na biblioteca musical nacional. Entretanto, uma canção de amor pode ser facilmente "confundida" com canções bregas, e ao meu ver, como mera apreciadora dessas canções, esta classificação pode ser definida "apenas" por conta do intérprete da canção. Em outros termos, seria como afirmar que o intérprete pode influenciar de maneira definitiva os aspectos relacionados ao efeito causado por determinadas canções em seus apreciadores. A exemplo disto posso citar a figura emblemática de Maria Bethânia responsável por algumas regravações de obras tidas, até então, como "bregas" e deste modo consegue resinificar completamente o sentido destas obras.
Não pretendo decair sobre as questões de juízo de valor nem de gosto, me detenho a uma análise como mera espectadora e neste papel me restrinjo a observar o que, de fato, contribui para esta resinificação destas obras. Será que esta mudança está relacionado ao capital simbólico destes artistas e que por este motivo conseguem interferir no processo de rearrumação dos arranjos e melodias destas canções. Daí você que está lendo este texto se pergunta, mas o que esta garota entende de música, de arranjos ou de melodias? Eu te respondo que teoricamente eu não entendo nada de música, não sou musicista ou algo parecido, mas me atrevo a expor as minhas impressões e acredito que como uma pesquisadora de música e seus efeitos estéticos sobre os seus apreciadores não esteja falando bobagens (mas se estiver me digam, por favor!) mas enfim, o me motivou a escrever este texto foi a questão da música brega ou romântica. Contudo, continuarei nesta interminável empreitada de análise deste fenômeno intrigante...

segunda-feira, 3 de março de 2014

Eis que nessa segunda-feira de carnaval, entediante, retomo com vigor uma atividade extremamente prazerosa. A arte da escrita que para muitos pode significar uma espécie de tortura, para mim serve como um refúgio, necessário neste momento e nada mais justo do que compartilhar com vocês essa minha empreitada, que espero seja agraciada por todos. A música na minha vida sempre foi algo extremamente presente e desde criança fui presenteada com obras primas da nossa música (só depois de crescida compreendi o valor desses ensinamentos), sou de uma família bastante musical e meus pais desde sempre me mostraram a importância dessa linguagem artística na vida das pessoas.
Em meio a uma infinidade de abordagens possíveis para esse tema, escolho me dedicar à análise crítica da música como um fenômeno contemporâneo atrelado às possíveis interfaces com a comunicação e  cultura, explicando... A abordagem deste blog se dará a partir da observação da música como um elemento capaz de fomentar a reflexão e a interação das pessoas quanto aos modos de produção, circulação e recepção das obras. Será uma tarefa árdua, levando em conta a complexidade das análises que envolvem uma forma de expressão artística tão peculiar e cujos desdobramentos podem ser improváveis.
Pois bem, me atrevo à lançar alguns questionamentos e algumas afirmações possíveis. Esse atrevimento se deve ao fato de que talvez eu seja uma pessoa, minimamente, respaldada para essa tarefa e esse respaldo pode estar atrelado à minha carga simbólica de fã incondicional da Música Brasileira, entusiasta dos artistas que por algum motivo conseguem reavivar a cada dia a "tradição" desta música. E quando me refiro à "tradição" estou falando da forma com que produzimos a nossa música, à nossa coragem de investir em uma coisa na qual talvez não dê certo, quando me refiro à "tradição" da música brasileira, me refiro aos artistas corajosos em investir nos modelos hegemônicos de consolidação das suas obras. 
Inicialmente vou  me deter à essa descrição, mas gostaria de sinalizar que este blog foi pensado sob uma perspectiva cooperativa e construtivista, ou seja, preciso da ajuda de vocês e podem se sentir à vontade para contribuírem com sugestões, materiais e puxões de orelha também. Quando eu disser alguma bobagem, me "belisquem", eu espero sinceramente que esta ferramenta contribua para o meu crescimento tanto pessoal quanto profissional...


Que sejam abertos os trabalhos!!!!!!!!!




                                                                                                                                          Nyere Carvalho.